Guia Sobre Acessibilidade [Parte – 01] – Tornando o seu projeto mais acessível

Aprenda porquê a acessibilidade deve sempre fazer parte do seu projeto

acessibilidade

Eae!

Tudo bele?

Neste artigo irei falar sobre acessibilidade. Este assunto que é tão importante, mas que é visto por alguns, infelizmente, como “um plus” de um projeto web. A internet tem um papel mega importante na nossa sociedade e uma das características que a tornam tão importante é o fato de permitir o acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais a informação e conteúdo. E não é só isso! Ela também possibilita uma inclusão na sociedade e uma independência maior por parte da pessoa portadora. E isso é simplesmente demais! Podemos proporcionar oportunidades iguais para todas as pessoas, podemos transmitir conhecimento para todos nas diversas áreas, de diferentes características e necessidades.

Portanto, acessibilidade é algo muito importante sim e por isso neste artigo você verá:

Este é o primeiro de uma série de 3 artigos que irei publicar sobre acessibilidade, bele?
Então, bora para ação! 😀

O que é acessibilidade?

fotografia de um cadeirante subindo uma rampa

Acessibilidade significa garantir condições e possibilidades de utilização, com independência e segurança, de espaços, públicos ou privados, de produto, mobiliários, equipamento, internet, etc. É respeitar os portadores de necessidades especiais e tratá-los como pessoas que fazem parte da sociedade, reconhecendo que eles possuem os mesmos direitos (desde a acessar o conteúdo de um site até a poder entrar em um restaurante, por exemplo) e não excluí-los ao acesso dos bens da sociedade, seja no trabalho, no lazer, no direito de ir e vir, do acesso ao conhecimento, entre outros, respeitando a assim a dignidade dos portadores de necessidades especiais.

Vale lembrar que acessibilidade não é só um conceito e sim uma lei. Temos o Decreto 6.949 de 2009 que oficializa uma convenção internacional sobre os direitos das pessoas com necessidades especiais.

No artigo 3° do decreto temos os princípios gerais da acessibilidade que fala:

Os princípios da presente Convenção são:

a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas;
b) A não-discriminação;
c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;
e) A igualdade de oportunidades;
f) A acessibilidade;
g) A igualdade entre o homem e a mulher;
h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade.

E mais precisamente para as pessoas da área criativa temos no artigo 2º, do decreto, que menciona o “desenho universal”:

“Desenho universal” significa a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior medida possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou projeto específico. O “desenho universal” não excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de pessoas com deficiência, quando necessárias.

E não existe só esse decreto. Existem outras leis que regulamentam a acessibilidade no Brasil como o Decreto Federal n° 5.296/2004.

Por que acessibilidade é importante?

Quando se de acessibilidade é comum dizermos:

“Ah o governo não faz nada, olha a calçada esburacada, olha os ônibus sem acesso aos cadeirantes, olha a falta de sinalização para pessoas com deficiência visual…”

É óbvio que o governo, empresas privadas, instituições, etc; tem sua grande parcela de culpa na falta de acessibilidade, mas eu sinceramente não gosto de pessoas que apenas indicam problemas, gosto de pessoas que encontra o problema, mas que pensam, que pelo menos não tentam fazer a sua parte colaborando para uma solução.

Por isso é preciso que cada um faça a sua parte. Acessibilidade é uma questão também sua, minha e de todos; principalmente dos criativos que criam peças gráficas, produtos, sites…. Pensar em acessibilidade na hora do desenvolvimento de algum projeto é fazer a sua parte.

Além dessa questão de cidadania, projetar pensando também em acessibilidade pode lhe trazer diversos benefícios como:

  • Melhorar o SEO e relevância do seu site. (Caso queira saber mais sobre SEO acesse este link:melhores-praticas-de-seo-para-web-designers-e-desenvolvedores)
  • Você alcança mais pessoas e torna o seu projeto maior. Só no Brasil, segundo o IBGE, mais de 25.2% da população tem algum tipo de necessidade especial.
  • Você força e ao mesmo tempo desenvolve seu lado criativo para solucionar os problemas.
  • No caso de um site, garante que todas as pessoas tenham acesso em qualquer dispositivo, situação e independente se a pessoa tem alguma limitação ou não.
  • Melhorar a experiência dos usuários com necessidades especiais.
  • Acrescenta valor ao seu projeto.

Mas aí você pode estar se perguntando?

“Mas David, eu não preciso pensar em acessibilidade porque o meu público alvo não são os deficientes”

Aí que você se engana. Iremos falar sobre isto a seguir!

O mito do público do alvo

ilustração que demonstra vários tipos de pessoas com necessidades especiais

Algo muito comum de se ouvir é que “ o meu público alvo não é deficiente”, então eu não preciso me preocupar tanto com acessibilidade.

Claro que em qualquer público alvo de qualquer projeto, exceto os que são direcionados para os portadores de necessidades, a maior parcela será de pessoas sem necessidades especiais.

Todavia não se pode se prender apenas a tais números. Investir em acessibilidade não é prejuízo e sim benefício (como já notou ao decorrer deste artigo).

Outro fator importante é que quando se fala de acessibilidade pensamos apenas em pessoas com deficiência visual, porém isso não é verdade. Existem muitos outros tipos de deficiência, sejam elas permanentes ou não, como veremos a seguir:

Crianças e Idosos

Os idosos fazem parte de um público cada vez maior no mundo. E como já deve saber com a idade surgem certas limitações. Por isso ao projetar é preciso pensar bem no uso das cores, no contraste e na linguagem utilizada. O mesmo serve para as crianças. Apesar de serem espertas e aprenderem a mexer em quase tudo rapidamente é preciso ter parcimônia também com todo conteúdo visual (cores, contraste, imagens, etc.) e com a linguagem utilizada.

Pessoas com dificuldade de locomoção

Nesse tópico entram pessoas como cadeirantes, amputados, portadores de doenças graves, idosos, entre outros.

Ir ao banco, na maioria das vezes, é algo chato e cansativo para uma pessoa sem necessidades, certo? Agora imagine isso para alguém com dificuldade de locomoção. Muito ruim,né?

Agora imagine se essa pessoa com dificuldade de locomoção possa pagar todas as suas contas de casa através da internet. O quanto de sofrimento que você pode evitar, o quanto de autonomia a pessoa com dificuldade de locomoção pode ganhar simplesmente podendo pagar as suas próprias contas. Hoje em dia isso já é possível. Não que os sites dos bancos sejam 100% acessíveis, mas nos dias atuais as coisas estão bem melhores e existem canais para isso.

Mas não são somente bancos e serviços públicos que devem zelar pela acessibilidade. Isso serve também para uma loja virtual ou para um site institucional que torna o conteúdo acessível, por exemplo.

Pessoas com deficiências visuais

Neste tópico não se incluem apenas pessoas cegas, mas pessoas com déficit de visão em outros graus e também pessoas daltônicas.

Isso quer dizer que além de pensar nas pessoas que não enxergam é preciso pensar também naquele senhor que tem a visão já cansada pelo tempo, nas pessoas que tem dificuldades em ver determinadas cores, etc.

E sobre daltonismo nós temos um artigo sobre cores que aborda sobre. Você pode verificar aqui: https://www.chiefofdesign.com.br/cores-e-acessibilidade/

Pessoas com dificuldades de Cognição

Se refere as pessoas com dificuldades de aprendizagem, interpretação e entendimento.
Não basta criar conteúdo apenas para “letrados”. O ideal é ser simples e acessível criando coisas de fácil assimilação, autoexplicativas e o menos complexa possível.

Pessoas com dificuldades de coordenação Motora

Acessibilidade para os mais diversos níveis de habilidade motoras, desde para quem está aprendendo a utilizar coordenação motora, passando por dificuldades temporárias, até para pessoas com limitações permanentes.
Além disso, também garantir que destros e canhotos tenham acesso da mesma forma.

Recentemente passei por uma cirurgia. Foi um esvaziamento cervical parcial. Esse tipo de cirurgia pode causar alguns traumas neurológicos e motores. Eu ainda sinto efeito de alguns deles.

Por causa disso eu fiquei quase 15 dias praticamente sem poder mexer o braço, pois os nervos do ombro, junto com os músculos do trapézio/deltoides, foram prejudicados. Tentava acessar o computador pelo mouse, mas me cansava e logo saía por causa de dor e desconforto. Graças as versões mobiles de e-mail, banco, redes sociais, que consegui acessar alguns serviços. Pude ver na prática como alguns sites é impossível acessar sem o mouse.

Agora eu te pergunto:

Será que eu não faço parte do público alvo de nenhum projeto por causa disso? 😉

O mito da restrição da criatividade

Um dos maiores mitos que existem sobre acessibilidade é que ela pode restringir a criatividade de um projeto, prejudicar no processo criativo, tornar a peça monótona, entre tantas outras besteiras.

Pensar em acessibilidade não limita a criatividade, pelo contrário, estimula ainda mais o processo de resolver problemas.

Outro fato importante a constatar é que caso a acessibilidade seja inserida no projeto desde o início em nada irá prejudicar o andamento e o prazo.

Na verdade, pode em muitos casos pode poupar tempo com refações, poupar dinheiro com soluções criativas e menos solicitações e agregar valor ao projeto.

O mito da dificuldade da implementação

um teclado de computador com um teclado com o ícone de um cadeirante

Outro mito famoso é que acessibilidade é difícil de fazer. Na verdade, como já disse não precisa em nada o projeto se pensada desde começo.

Muito raramente terá que adicionar horas a mais no projeto. Muito raramente ficará mais caro o projeto por causa da acessibilidade.

E se falarmos essencialmente de projetos web/digitais, isso se torna ainda mais forte. Para o desenvolvimento de um site, por exemplo, não muda quase nada no andamento projetá-lo para ser acessível, seja para o pessoal de design seja para o pessoal desenvolvimento.

O desafio profissional

Toda profissão tem sua importância na sociedade. Toda profissão pode prover algum bem para a sua comunidade. E com os criativos não deve ser diferente. Colocar acessibilidade nos projetos não deve ser encarado como um “plus” e sim como parte intrínseca do projeto.

Se engenheiros e arquitetos têm que fazer contas, desenhar, projetar edificações com acessibilidade, por que você designer/criativo não pode pensar um pouco em como melhorar a vida das pessoas com necessidades especiais? Por que os seus projetos não podem ser acessíveis também? Comparado com as profissões que citei o nosso trabalho é muito fácil e com menos riscos de implementar.

Vivemos em sociedade e quanto mais pudermos contribuir melhor será para todo mundo em todos os quesitos, até profissional/financeiro.

Conclusão

É preciso mudar nossa mentalidade (o “mindset”) quando o assunto é acessibilidade. Inserir acessibilidade nos projetos sempre trará benefícios e não vejo malefícios que possam impedir de utilizá-la como uma parte do projeto e não como um “bônus” que pode existir ou não.

Quando se projeta também pensando na acessibilidade todos têm a ganhar: usuários (com ou sem necessidades especiais), empresa, projeto e você criativo que desenvolveu e/ou participou do projeto.
Essa foi a primeira parte da série de artigos. Nos próximos artigos irei falar sobre técnicas que você pode utilizar nas suas interfaces web para deixa-las mais acessíveis, bele?

Você pode deixar o seu comentário abaixo. Compartilhe conosco a sua opinião/conhecimentos.

Até mais.

Forte abraço!

Referências:

http://www.deficientefisico.com/
http://acessibilidade.w3c.br/cartilha/fasciculo1/
http://arquiteturadeinformacao.com/
http://www.bengalalegal.com/

David Arty

Olá. Sou David Arty, fundador do blog Chief of Design.
Sou natural de São Paulo, Brasil. Trabalho com design, principalmente com design para web, desde 2009. Procuro transformar ideias loucas e complexas em peças simples, atrativas e funcionais.