Eae! Tudo bele?
Neste artigo vamos tratar sobre a Semiótica. Esse é assunto frequente quando lidamos com design e comunicação visual, principalmente quando se refere ao design gráfico.
O entendimento e estudo da Semiótica podem ser de grande valia para um designer, pois ajudará a compreender como nós (seres humanos) lidamos com as representações que somos expostos diariamente. Se você trabalha com Design, deve saber que esse assunto está diretamente ligado ao seu ofício.
Portanto, vamos entender o que é semiótica e como ela pode ser aplicada ao Design através de seus elementos.
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Agora sim. Está preparado? Bora, começar? Então vamos nessa 😀
Neste artigo você verá:
- O que é semiótica?
- De onde vem a semiótica?
- O que é um Signo?
- O que são ícones
- O que são índice
- O que são símbolos
- O público-alvo (decodificador)
- Vídeo-aula sobre semiótica
O que é semiótica?
Semiótica é a ciência dos signos e de seus processos significativos, ou seja, estuda todos os meios que o homem se comunica, sejam eles linguagens verbais ou não verbais.
Normalmente sempre associamos a semiótica a imagens, mas seu estudo é mais amplo e pode se referir a outros tipos de linguagens como gestos, sons, cheiros, entre outros.
Por isso a semiótica também é difundida como a ciência de todas as linguagens e praticamente tudo que existe pode ser estudado e analisado a partir da semiótica.
De onde vem a semiótica?
Primeiro vamos começar pela etimologia. Semiótica é um termo que deriva da palavra grega ‘semeion‘, que significa signo e ótica que significa ciência.
Apesar da disciplina surgir no início do século XX, a história da semiótica é mais antiga e os primeiros estudos sobre sinais, foram executados pelos gregos. Historiadores indicam que estão entre os precursores da semiótica Platão e Aristóteles, através de seus estudos sobre signos e como poderiam ser interpretados, suas linguagens e percepções.
Platão foi o primeiro a observar a estrutura triádica do signo, composta por: onona (o nome), eidos ou logos (a noção, idéia) e pragma (a coisa referente). Já Aristóteles utiliza o signo no campo da Lógica e da Retórica, como sendo “uma premissa que leva a uma conclusão”.
Também encontra-se na idade média, a partir dos trabalhos de Santo Agostinho, mais estudos sobre os signos, como encontrados na obra “De doctrina Christiana” que diz:
“O signo é, portanto, uma coisa que, além da impressão que nos produz sentidos, faz com que outra coisa venha à mente como consequência de si mesmo.”
Ele definiu a existência dos signos verbais
(convencionais) e não-verbais (naturais).
Signos convencionais diz respeito aqueles que utilizamos para demonstrar “sentimentos da mente”, já os naturais seriam signos que são gerados sem a intenção de serem signos, mas que levariam ao entendimento de algo.
Mesmo que o estudo do signo de Santo Agostinho tenha sido realizado na esfera
da teologia, tal fundamentação serviu para estudos posteriores, já na semiótica moderna.
Muitos outros estudiosos continuaram a estudar sobre, mas ao final do século XIX e início do XX surgem dois acadêmicos com destaques sobre o signo:
Charles Sanders Peirce, filósofo americano e Ferdinand Saussure, cientista suíço e o pai da linguística científica.
Esses são os principais expoentes e criadores das duas teorias mais importantes sobre signos: a semiologia, associada a Saussure e a semiótica, associada a Peirce. E embora trabalhassem de forma independente, existem muitos pontos em comuns em ambos os estudos.
Saussure, em seu trabalho de signos, propõe a semiologia que seria a ciência que estuda os processos de representação e significação, onde a linguística seria uma parte dessa representação. Até por isso, os seus estudos tem uma ligação mais forte com termos linguísticos verbais.
Ele discorre sobre a relação dual de um signo que é entre o significante e o significado. Nessa linha toda linguagem seria um sistema de signos.
O significante seria uma imagem acústica, uma primeira impressão mental do signo. Já o significado seria uma ideia ou conceito que o significante representa. A soma dos dois resultaria no signo e no sentido que ele carrega.
E a origem poderia ser tanto natural( um trovão, por exemplo) quanto artificial, ou seja, produzida pelo homem (a escrita, por exemplo).
Em paralelo aos estudos de Saussure, e sem que tivessem contato, Charles Sanders Peirce.
Ele adiciona mais um elemento no estudo do signo, que a conceberia a triádica do signo (imagem abaixo) onde temos o pensamento ou referência, o símbolo e o referente.
Então um signo tem como o primeiro elemento perceptível o representament que é determinado por um objeto, que por sua vez vai determinar um interpretante para identificarmos o signo em questão
Sobre a história e as escolas semióticas ( de Saussure e Peicer) vamos parar um pouco por aqui, para o artigo não ficar tão denso, mas sugiro que você pesquise mais sobre. O assunto é bem vasto.
Porém para a aplicação da semiótica no design, vamos prosseguir, neste artigo, utilizando como base a escola Peirce .
O que é um Signo?
Semiótica é o estudo dos signos, dos significados, de como esses signos permeiam pela comunicação (transmitindo informações), sua classificação e seus usos. Aqui, vale lembrar que os signos não são os popularmente conhecidos e relacionados à astrologia e horóscopos, mas sim, signos como algo que dá sentido à outra coisa.
Um signo é uma coisa que representa um objeto para um interpretante, ou seja, segundo Peirce, um signo é dividido em três partes, portanto temos o signo triádico.
A coisa que tem esse caráter, eu denomino REPRESENTAMEN, o efeito mental, ou pensamento, seu INTERPRETANTE, e a coisa que ela se coloca no lugar seu OBJETO.
Livro Collected Papers of Charles Sanders Peirce, voume 1.
Neste contexto, existe ainda o termo “Semiose”, que nada mais é que o processo de significação desses três pilares. Como por exemplo quando uma imagem, ou um conjunto de imagens e palavras, representam uma câmera fotográfica e o nosso processo de interpretação.
Abaixo temos uma imagem que representa como funciona cada parte da compreensão e mensagem de um signo.
Você deve ter se perguntado até aqui, onde é que o design entra nessa história? E é justamente aqui.
O design, como conceituação rápida, é o processo de resolução de problemas, utilizando imagens, símbolos, atributos visuais, entre outras ferramentas, como a semiótica.
Mas como pode ser feito isso?
No processo da semiose, já citada anteriormente, temos três (03) formas em que um signo conceitua algo, e são eles: ÍCONE, SÍMBOLOS E ÍNDICE.
A seguir utilizaremos como exemplo, na posição de objeto o um Leão, para entendermos como funciona essas conceituações.
Ícones
Ícones são os mais fáceis de serem compreendidos e representados, pois são a representação literal da forma do objeto ou item o qual estão representando.
Como por exemplo um desenho de cachorro, ou de balde de pipoca, ou até mesmo o desenho de sol para representar um dia ensolarado.
Índice
O índice requer um conhecimento prévio do que é representado, algum tipo e nível de experiência ou fato ocorrido.
Quando utilizamos uma câmera fotográfica, por exemplo, para representar uma fotografia, certos “emojins” para indicar os sentimentos e emoções, ou um halter (peso de academia) para representar a musculação.
Então, a assimilação acontece por indução ou aproximação do signo representado.
Símbolos
Os símbolos são signos adotados para representar algo, mas que não necessariamente possuem sentido ou leitura literal com aquilo que o signo quer conceituar. Um exemplo disso são as representações dos números, que nada mais são do que desenhos adotados como convenção para designar o “um”, o “dois” e todos os outros números.
Aqui a assimilação acontece em razão a convenções, hábitos e a um processo de relembrança (ou precisa de uma explicação prévia).
Existem, no entanto, elementos que mesclam entre símbolos e ícones, como um desenho de telefone para indicar o contato de algum estabelecimento.
Agora temos todas as peças dentro do processo e como elas se relacionam:
Conheça o público (decodificador).
O símbolo só faz sentido quando o sujeito que está lendo o signo tem repertório para interpretá-lo de determinada maneira, ou seja, se você apresentar um símbolo para um publico que não sabe o que ele significa, a mensagem não será transmitida.
Imagine, por exemplo, o símbolo da medicina.
Para uma pessoa que não é e nem tem conhecimentos sobre a área, não fará nenhum sentindo. No máximo a pessoa verá uma cobra emaranhada em um caule. O que pode remeter até uma mensagem de perigo, ou algo que traga uma sensação ruim.
Porém, se você apresentar a mesma figura em um congresso de medicina, todos entenderam que se trata do símbolo da medicina, que nada mais é que uma serpente enrolada ao bastão de Esculápio, ou Asclépio, nome do deus grego que simbolizava a Medicina.
Vídeo: Semiótica no Design – Entenda o que é semiótica e como aplicar no Design
A seguir assista a um vídeo que gravei sobre o tema. Nessa super aula eu falo sobre o que é semiótica passando por todos os pontos listados até aqui, além de dar mais exemplos práticos sobre a semiótica no design. Confira abaixo.
Conclusão
A partir do momento em que você pensa, com mais cautela, sobre qual o problema que está resolvendo, e com qual a clareza que transmite a informação, fica mais fácil de trabalhar e de atingir o objetivo que você quer.
Claro que existem alguns casos em que se deseja que fique subentendido aquilo que quer passar, mas no fundo está ali. Um exemplo? Repare no logotipo da “Amazon”. Você já percebeu que há um desenho de seta indicando de “a” à “z” e que a frase que os define é “tudo de a à z”?
Neste caso, se pararmos para observar, houve o uso de símbolos, ícones e índices, não é mesmo?
A semiótica, então, não é tão complicada quanto parece, e sim uma ferramenta para te ajudar a ajudar, inovar e comunicar de maneira mais eficiente.
Você como designer precisa entender sobre o tema para poder comunicar da maneira mais eficaz possível e a semiótica pode ser aplicada de forma pensa e estratégica dentro de um projeto de design, principalmente em projetos de identidade visual.
Que tal começar a utilizar a Semiótica agora mesmo?
Forte abraço
Até mais.
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